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O Jogo entre Palavras e Imagens: Mangá

Foto do escritor: Adrya AlexandriaAdrya Alexandria
“O ilustrador é um escritor de imagens” -- Odilon Moraes

Hoje, vamos falar um pouco sobre a ilustração dos mangás, cujo tema é retratado todas as terça-feira por minha colega Ana Clara em sua coluna “Mangando”. Ao final, irei mostrar 3 incríveis traços de diferentes artistas que pertencem a este mundo singular que é o mangá.


Tendo como elemento principal a imagem, o mangá apresenta ao leitor diferentes aspectos culturais, históricos, religiosos e comportamentais. No diálogo entre a imagem e o texto, revela que a escrita não é apenas um meio de transcrição da fala, mas é uma realidade dupla, dotada de uma parte visual. Por isso, é na interação entre a linguagem verbal e não-verbal, que o mangá surge.


O característico traço japonês, com olhos grandes e expressivos, nariz pequeno, cabelos longos e corpo esguio, conquistaram adeptos no mundo todo, sendo tema de estudo em diversas escolas de desenho.


Foto do Pinterest


Com a transposição do mundo real ao ficcional por meio de ilustrações em quadros ocorre o diálogo entre o leitor e o quadrinho. É diante dos desenhos feitos com nanquim, geralmente mantendo o preto e branco, que o quadrinho japonês apresenta o cuidado com o desenvolvimento do lado psicológico das personagens, que ocorre paralelamente com o decorrer da narrativa. Explorando a expressividade do traçado, o enquadramento detalhado, o contraste de luz e sombra, os ângulos e a análise dos elementos figurativos e seus significados em relação ao texto, pode-se permitir ao leitor adentrar com mais profundidade no texto.


A leitura de imagens é enfatizada com a apreensão do espaço, dos gestos, dos cenários e da iluminação gráfica. São referentes ao ponto de vista do qual se contempla a realidade no mangá, cujo ritmo narrativo e enquadramento permitem a reflexão da narrativa por detalhados ângulos. Assim, incitando sensações, gestos e ações das personagens, como: tranquilidade, nervosismo, vestuário e maquiagem, devem-se à caracterização dos cenários que compõem a expressão gestual e cenográfica.


Os jogos de luzes, permitem o realce da pureza de personagens femininas, da malignidade de anti-heróis ou a diferenciação de personagens principais e secundários. As relações espaciais que criam um itinerário para a explicitação de tensões, equilíbrio, paralelismo, antagonismo e complementariedade são todos atribuídos pela iluminação e contraste. Por exemplo:


Cena com destaque no protagonista em meio à multidão: Da pra perceber que é o de preto né?

Foto de Mangascout



A seguir, o exemplo de uma cena de ação que se utiliza do preenchimento de tons mais escuros para evidenciar a ferocidade do monstro e linhas cinéticas para designar o movimento em um quadrinho:



Em comparação a essas que retratam momentos de tranquilidade e romance/ timidez com tons mais sólidos e claros, maior luminosidade, brilho nos olhos, traços mais finos e ausência de contraste:



















Fotos do Pinterest



Já em mangás de terror é necessário um traçado bem mais expressivo e detalhado. Para expressar cenas de medo ou suspense, geralmente fazem uso de uma luz escura vinda de baixo, fundos pretos e muitas hachuras, provocando um aspecto mais tenebroso. Assim, essas imagens dificilmente sairão da nossa cabeça:

Foto de O Vício


Porém, isso pode variar dependendo do mangaká (o artista do mangá). Por ser publicado e classificado em subgêneros, o mangá apresenta uma diferenciação quanto à estilização do traçado, ao conteúdo da narrativa, à descrição e à caracterização das personagens. Tal como, se houver uma cena de ação em shoujo (mangá de romance), por exemplo, não serão literalmente os mesmos efeitos presentes em um shounen (mangá realmente de ação).Portanto, cada mangaká desenha de sua própria forma. Entre eles, existem aqueles que se destacaram com sua bela arte. A seguir, vou mostrar 3 deles.


Incríveis traços do mundo do mangá


1 – SAEKI SHUN


Apenas ilustrador do mangá: Shokugeki no Souma


Saeki Shun é o ilustrador de Shokugeki no Souma, um mangá de culinária que sai na revista Weekly Shonen Jump.


Saeki Shun vê Tadahiro Miura (Koisome Momiji) como seu autor ideal, ou seja, ele se inspira muito nesse profissional.


Abaixo algumas de suas ilustrações:



2 – YUSUKE MURATA


Apenas ilustrador dos mangás: EYESHIELD 21, ONE PUNCH MAN


O autor do popular One Punch Man com apenas doze anos entrou em um concurso para projetar vilões da série Mega Man.


Sim! Ele ganhou, não só uma vez como duas! Os desenhos finais de alguns vilões foram adaptados a partir de seus esboços.


Como resultado, nos créditos do jogo, o seu nome aparece como responsável por Dust Man de Mega Man IV e Crystal Man de Mega Man V. Também há um agradecimento no fim de Mega Man III.


Confira algumas ilustrações do artista:



3 – KENTARO MIURA


Mangá: Berserk


Por fim, o autor de Berserk, a sua maior obra premiada.


Em junho de 2002, Miura ganhou o prêmio por Excelência, após ficar em segundo lugar dentre os finalistas, para o cotado Prêmio Cultural Osamu Tezuka, isto é, o mais célebre dentre os mangakás.


Apreciem estas obras de arte feitas pelo autor:



Espero que você tenha conseguido compreender a interpretação da narrativa imagética japonesa que compõe um imenso âmbito visual, cultural e ideológico. Para mais conhecimento sobre esse maravilhoso e riquíssimo gênero textual que é o mangá, acesse a coluna "Mangando".

 



Referências:

Palavras e imagens: a transposição do mangá para anime no Brasil. Danielly Batistella,2014. Geek Quântico – Cultura Pop em Proporções Atômicas

Foto da capa do site Dribbble por Paiheme


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