Ilustração em movimento
Ler livros de imagem constitui-se como uma atividade lúdica de raro sabor. Visualizar as imagens, registrar os detalhes que o ilustrador fez constar, analisar as cores utilizadas, o traço do desenho ou a criação da imagem, amplia a capacidade de ver o mundo e de participar de cada criação.

Na história da arte, encontramos o desejo do homem pela animação de suas criaturas. Ao olhar para trás e ver as ilustrações mais antigas, agora misturadas com as mais recentes, podemos perceber que todas elas representam, na forma, o estilo da escrita. Todas, equivalem a textos cômicos, poéticos, contemporâneos, clássicos... que interpretam de forma singular uma ideia, um estilo literário, uma atmosfera.
Ideia de movimento no Egito Antigo
Por Izabel Cristina Hadas
Diante das possibilidades de diálogo que as imagens, sem acompanhamento de texto escrito, oferecem em atividades de mediação de leitura, escolhi para este meu último post, falar sobre os flipbooks e ainda produzir um! Porque, se a cada página de um livro eu posso imaginar, em cada página de um flipbook eu posso ler. A graça do conceito do livro é, mesmo que para nós leitores seja recorrente imaginarmos múltiplos cenários usando apenas o artefato das palavras, livretos como esse fazem com que usemos as imagens para ler uma história.

Livros de imagem, têm ganhado espaço nas edições. Igualmente nas atividades de mediação de leitura, não só pela sua característica de material que pode ser lido por quem ainda não sabe ler, como crianças pequenas, mas também pela criatividade e diversidade de títulos.
Apesar de já ter citado os flipbooks no meu post "Ilustração de livros infantis", gostaria de me aprofundar mais nesse universo que exercita o ato de ler as imagens e, com elas, compor múltiplos significados.
Ilustração do Kineograph -1868
Fonte: Wikimedia Commons
DEFINIÇÃO:
No século XIX, o inglês John Barns Linnet, cria o Kineograph (flipbook ou livro animado). Fabricado até hoje, o flipbook é um livro que, por um curto espaço de tempo, se transforma em um filme. é o princípio dos conteúdos feitos a partir de desenhos em movimento, como as famosas animações do estúdio Disney e similares.
O conceito aqui é o da combinação de imagens e desenhos que, quando colocadas uma após a outra, dão a ideia de movimento. Também chamado de folioscópio. O interessante é que, ao invés de "ler" da esquerda para a direita, o leitor simplesmente olha para o mesmo ponto das imagens à medida que as páginas são viradas rapidamente.

Flipbook DYD 'Hoop'. Por Izabel Cristina Hadas
Na prática, significa fazer uma série de desenhos no canto ou mesmo ocupando uma página, com desenhos similares nas próximas páginas, mas com pequenas diferenças. Depois, criar uma ordenação e, por fim, você conseguirá com a mão passar as folhas rapidamente e gerar um efeito de movimento.

Representação de movimento com bonecos de palitinho. Fonte: Pinterest
O que me encanta nesse tipo de livro é a sua simplicidade. Não é preciso muito, nem mesmo saber desenhar, pois até com bonecos de palitinho, é possível fazer uma cena inusitada e divertida. Nesse sentido, são usados materiais simples e o que conta é seu o empenho e criatividade. Agora uma coisa é certa, você precisa ter muita paciência...
Veja a seguir um vídeo que mostra diferentes tipos de flipbooks:
Então, quanto mais complexo for sua história e seu desenho, mais difícil será. Por isso, eu criei um com imagens bem simples. Vamos para o passo a passo.

Fotos do processo de criação do meu flipbook
1. Escolha um tema pra sua história e pense nos movimentos. Eu escolhi o tema 'Loading' com a ideia de mostrar uma barra carregando. Decida também o número de páginas. No caso, eu fiz 80.
2. Use o que preferir: post-it, bloco de notas, livro usado. Eu escolhi uma folha A4 e dividi em partes iguais no tamanho que eu preferi. Se você utilizar também uma folha grande pra depois cortá-la, aconselho que faça isso com um estilete e régua.
3. Faça seu primeiro desenho. Para os próximos, se não tiver mesa de luz, utilize um celular ou tablet com tela branca para poder ver o desenho anterior através da folha que receberá o desenho seguinte. Dessa forma, coloque a primeira folha embaixo e a próxima em cima, tendo em mente a ideia de movimento que você quer reproduzir. Para a terceira folha, utilize a segunda embaixo. E assim consecutivamente.
4. Vá enumerando as páginas para não perder a ordem. Veja se o efeito de movimento está ficando como o desejado.
6. Finalizado o desenho, prenda ou cole a base com as folhas na ordem.
7. Pense em um título legal pra sua história e faça uma capa. Prontinho!
Este é o método tradicional, mas também pode ser feito através de desenhos digitais, como é o caso do processo das animações. Eu fiz o desenho no celular e utilizei a mesma técnica de sobreposição. É bem mais fácil pra quem familiaridade com os aplicativos. Dê uma olhadinha no resultado:
Vídeo com o resultado final do meu flipbook
Portanto, agora que você já sabe o que é e como faz um flipbook, está na hora de começar o seu!
Enfim, sendo este meu último post, agradeço pela participação de todos que leram e curtiram as postagens do nosso blog, também pela oportunidade de aprender e transmitir conhecimento a vocês e, inclusive, de poder apresentar um mundo de imagens e outras histórias.

Referências:
Design de Flipbook para ensino-aprendizagem dos fundamentos da capoeira - Izabel Cristina Hadas - Curitiba, 2014.
Imagem da capa por Mathieu Manchin do site Dribbble
Conteúdo de qualidade tem um outro significado! Adorei,fácil de acessar e ficou magnífico!