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Nacionais

Foto do escritor: Victória FreireVictória Freire
“O verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler, mas não lê.” - Mario Quintana

As histórias infantis acompanham a humanidade há muito tempo, mas no Brasil começaram a ser publicadas no início do século XIX. Dentro desse tempo, conquistou-se leitores de diversas faixa etárias, emocionou gerações e colocou grandes autores infantis entre os maiores escritores do país.

Grande parte delas, livros de poesia, contos, fábulas, tirinhas ou novelas juvenis, mas não importa o gênero, a magia da literatura infantil é fornecer às crianças a chave do mundo da leitura e da imaginação. No caso da literatura nacional, isso se intensifica através da identificação com a realidade da criança, contribuindo para a construção do “eu”.

Os adultos utilizam histórias e fábulas para entreter os pequenos, geralmente com leituras na hora de dormir, mas assim que voltam a ter o contato com os livros de sua infância, tendem a ter uma sensação acolhedora, passando a amar ainda mais os antigos livros.

Mais do que escutar seus parentes lendo para você quando criança, é você, já crescido, voltar para aquela leitura com seu olhar maduro. É como uma máquina do tempo. Posso falar por experiência própria, pois cresci vendo Sítio do picapau amarelo e um dia desses me peguei lendo Dom Quixote para crianças de Monteiro Lobato para minha sobrinha. Foi como ver todo um mundo que já conhecia se construir novamente.

São muitos os autores da literatura infantil brasileira, cada um com seu próprio estilo e peculiaridades, para prestigiá-los, trouxe alguns clássicos do nosso país e algumas indicações promissoras.


  • O fantástico mistério da Feiurinha - Pedro Bandeira (1986)

BANDEIRA, Pedro. O fantástico mistério de Feiurinha. Moderna, 3ª edição, 2009.

Sinopse: Você se lembra, não é? Quase todas as histórias antigas que você leu terminavam dizendo que a heroína casava-se com o príncipe encantado e pronto. Iam viver felizes para sempre e estava acabado. Mas o que significa "viver feliz para sempre"? Significa casar, ter filhos, engordar e reunir a família no domingo para comer macarronada? Quer dizer que a felicidade é não viver mais nenhuma aventura? Como é que alguém pode viver feliz sem aventuras?


“Os Príncipes não adianta chamar. Estão todos gordos e passam a vida caçando. Além disso, príncipe de história de fada não serve para nada. A gente tem de se virar sozinha a história inteira, passar por mim perigos, enquanto eles só aparecem no final para o casamento.”

  • Flicts - Ziraldo (1969)

ZIRALDO. Flicts. Melhoramentos, 1ª edição, 2000.

Sinopse: Tudo tem cor. O mundo é feito de cores, mas nenhuma é Flicts. Uma cor rara, frágil, triste, que procurou em vão um amigo entre outras cores, que não encontrou um lugar para ficar. Abandonada, Flicts olhou para longe, para o alto, e subiu, para finalmente encontrar-se.


"Não quebre uma tradição" disse claro o Azul-anil

"Por favor não vá querer quebra a ordem natural das coisas" disse violento o Violeta.

Mas existem mil bandeiras

trabalho pra tanta cor

e Flicts correu o mundo

em busca do seu lugar.

  • História meio ao contrário - Ana Maria Machado (2010)

MACHADO, Ana Maria. História meio ao contrário. Ática, 26ª edição, 2019.

Sinopse: Nesta história ao contrário, o príncipe e a princesa não se contentam em ser felizes para sempre – porque é assim que começa a história deles. Decidem fazer sua própria história, numa trama cheia de surpresas.


“Entre muitas risadas, você vai descobrir que “ser feliz pra sempre” não é tão fácil assim e pode ser até meio chato. E que de nada adianta o poder do rei, a beleza da princesa, a coragem do príncipe… se não puderem fazer sua própria história.”

  • Ou isto ou aquilo - Cecília Meireles (1964)

MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. Global Editora, 8ª edição, 2014.

Sinopse: A autora convida as crianças a se aproximarem da poesia, brinca com as palavras, explora a sonoridade, o ritmo, as rimas e a musicalidade. Cecília Meireles resgata o universo infantil permeado por perguntas imprevisíveis, monólogos, comparações incomuns, fantasia e imaginação. Ela cria um universo encantador, a partir de recursos que o gênero e a língua lhe proporcionam.


“Ou se tem chuva e não se tem sol,

ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,

ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,

quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa

estar ao mesmo tempo nos dois lugares!”

  • A mulher que matou os peixes - Clarice Lispector (1968)

LISPECTOR, Clarice. A mulher que matou os peixes. Rocco Pequenos Leitores; 1ª edição, 2017.

Sinopse: A própria autora admitiu: “Essa mulher que matou os peixes infelizmente sou eu. Mas eu juro a vocês que foi sem querer. Logo eu! que não tenho coragem de matar uma coisa viva! Até deixo de matar uma barata ou outra.” É verdade. Então, como foi que isso pôde acontecer? É o que Clarice Lispector conta neste livro original e comovente – verdadeiro canto de amor aos animais. Esta nova edição do livro traz belíssimas ilustrações feitas pela neta da autora em homenagem aos 40 anos de sua morte.


“Tenho esperanças de que até o fim do livro vocês possam me perdoar.

Antes de começar, quero que vocês saibam que meu nome é Clarice. E vocês, como se chamam? Digam baixinho o nome de vocês e meu coração vai ouvir.”

  • Menina bonita do laço de fita - Ana Maria Machado (1986)

MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. Ática; 9ª edição, 2019.

Sinopse: Uma linda menina negra desperta a admiração de um coelho branco, que deseja ter uma filha tão pretinha quanto ela. Cada vez que ele lhe pergunta qual o segredo de sua cor, ela inventa uma história. O coelho segue todos os “conselhos” da menina, mas continua branco.

  • A arca de Noé - Vinícius de Moraes (1970)

MORAES, Vinícius De. A arca de Noé. Companhia das Letrinhas, 1ª edição, 2004.

Sinopse: A Arca de Noé de Vinícius de Moraes fala sobre vários bichos, daí a alusão à história bíblica tão conhecida, e sobre coisas (casa, porta, relógio...) também. O álbum, que era um sonho antigo do poeta.


“A arca desconjuntada

Parece que vai ruir

Entre os pulos da bicharada

Toda querendo sair

Afinal com muito custo

Indo em fila, aos casais

Uns com raiva, outros com susto

Vão saindo os animais”

  • Chapeuzinho Amarelo - Chico Buarque (1970)

BUARQUE, Chico. Chapeuzinho amarelo. Autêntica infantil e juvenil, 40ª edição, 2017.

Sinopse: Chapeuzinho Amarelo conta a história de uma garotinha amarela de medo. Tinha medo de tudo, até do medo de ter medo. Era tão medrosa que já não se divertia, não brincava, não dormia, não comia. Seu maior receio era encontrar o Lobo, que era capaz de comer “duas avós, um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz e um chapéu de sobremesa”. Ao enfrentar o Lobo e passar a curtir a vida como toda criança, Chapeuzinho nos ensina uma valiosa lição sobre coragem e superação do medo.


“Tinha medo de trovão

Minhoca, pra ela, era cobra

E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra”


“Não tem mais medo de chuva nem foge de carrapato. Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato, trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro, com a sobrinha da madrinha e o neto do sapateiro.”

  • Uma ideia toda azul - Marina Colasanti (1949)

COLASANTI, Marina. Uma ideia toda azul. Global Editora, português edição, 2006.

Sinopse: A história de uma princesa sem amigos, do rei prisioneiro em seu próprio reino, do unicórnio e sua paixão, da corça aprisionada, da princesa, possessiva, insensível. ... A princesa pegou a rede, o vidro, a caixinha dos alfinetes, e saiu para caçar.


“Um dia o Rei teve uma ideia. Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com igual alegria, linda ideia dele toda azul.”

  • A menina e o pássaro encantado - Rubem Alves (1994)

ALVES, Rubem. A menina e o pássaro encantado. Dimensão, 1ª edição, 2017.

Sinopse: O livro conta a história de uma menina que tinha como seu melhor amigo um pássaro, que era livre, e justamente por ser livre ela não sabia quando ele voltaria novamente. A menina sentia muita falta do pássaro e à medida que sua saudade aumentava ele ficava encantado.


“Menina”, disse-lhe o pássaro, “aprenda o que vou lhe ensinar: eu só sou encantado por causa da ausência. É na ausência que a saudade vivi. E a saudade é um perfume que torna encantados todos os que os sentem. Quem tem saudades está amando. Tenho que partir para que a saudade exista e para que continue a amá-la e você continue a me amar...” E partia.”

  • O colecionador de chuvas - André Neves (2019)

NEVES, André. O colecionador de chuvas. Editora Paulinas; 1ª edição, 2019.

Sinopse: Numa cidade em que a chuva demora a molhar a terra, um menino aspira por colecionar gotas de chuva. Lá o sol brilha forte todos os dias, clareando as ideias do menino e assim ele se prepara para armazenar as gotas da chuva, gotas de todos os tipos que houver. No dia que a chuva caiu, os moradores comemoraram e saíram à rua junto com o menino. E quando a chuva cessou deixou ao menino as lembranças de felicidade, as gotas de sonhos que, como chuva refrescante, trazem esperança e renovam a vida.


“Na rua do Sol sem chuva, ninguém ficou triste.”

  • Amoras - Emicida (2018)

EMICIDA. Amoras. Companhia das Letrinhas, 1ª edição, 2018.

Sinopse: A história de uma garotinha que reconhece sua identidade a partir de uma conversa com o pai, debaixo de uma amoreira. Com referências à cultura e à resistência negra, o livro fala sobre representatividade e negritude com as crianças.


“Que a doçura das frutinhas sabor acalanto

Fez a criança sozinha alcançar a conclusão

Papai que bom, porque eu sou pretinha também.”

  • O menino que virou chuva - Yuri de Francco (2020)

FRANCCO, Yuri de. O menino que virou chuva. CAIXOTE, 1ª edição, 2020.

Sinopse: Este livro nasceu de uma poesia escrita pelo ator e arte-educador Yuri de Francco, na qual um menino, já desmilinguido de tanto chorar, chove. Como nuvem mesmo. Ou, talvez você concorde comigo, como quase todos nós.


“No momento certo, folheie as páginas deste livro como o vento faz com as nuvens, deixando a chuva cair e levando embora tudo que é cinza e pesado.”

  • Se eu abrir esta porta agora - Alexandre Rampazo (2018)

RAMPAZO, Alexandre. Se eu abrir esta porta agora. Editora SESI-SP, 1ª edição, 2018.

Sinopse: Na hora de dormir, um quarto escuro pode guardar algumas surpresas... Você tem certeza de que a porta do guarda-roupa está fechada? Tem certeza de que não há nada dentro, ou melhor, morando no guarda-roupa? Um monstro talvez? Se eu abrir esta porta agora... faz o leitor assumir o protagonismo da história ao se colocar no lugar do personagem, abrindo sucessivas vezes a porta do guarda-roupa em um quarto escuro, sendo a cada momento conduzido a uma surpresa diferente.

“Uma história infantil que só pode ser apreciada por crianças não é uma boa história infantil.” - C.S. Lewis
 

Escrito por: Victória Freire

Fonte: Blog Cultura Genial, Dentro da história, Revista Crescer e Pensador.

Imagens: Pexels


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